«…e, armado de um fueiro que descravou de um carro, partiu muitas cabeças e rematou o trágico espectáculo pela farsa de quebrar todos os cântaros». Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição

A culpa é do árbitro

by jfc

Deixem-me ver se percebo: um país em que polícias manifestantes, alguns deles usando máscara, barram a entrada do parlamento desse mesmo país, defendido por outros polícias que o governo chamou (todo o corpo de intervenção, segundo os jornais – somos mesmo pequenitos, não somos?) para o defender do assalto dos agentes da lei e da ordem.
Um e outro lado jogam ao empurra, e a coisa, relatada com entusiasmo e em directo pelas televisões e jornais, assume mesmo contornos de jogo (subiram 3 degraus, desceram 2, estão a fazer pressão, a pressão abrandou) e no fim vêm dizer os jornais que a coisa acabou com um empate técnico.
Mas como isto foi um combate combinado, o empate era o resultado esperado: não houve surpresas no campeonato e a culpa foi do árbitro. Qualquer excesso ou ameaça – vistos, ouvidos ou sentidos -, não foram mais do que a expressão da justa indignação dos agentes.
E se subissem os degraus todos e entrassem no parlamento – partiriam tudo? Fariam reféns? Fechar-se-iam lá dentro, exigindo a demissão do ministro e do governo ou que fossem atendidas todas as suas reivindicações, e esperariam que um negociador da polícia, de megafone como nos filmes americanos, tentasse que saíssem, prometendo que não lhes aconteceria nada? Mas não subiram e, dizem, não subiram porque não quiseram.
Se somos um país de exageros é só na retórica.

Do you know what I mean?

by jfc

Não é a primeira vez que um dos colunistas diários do Expresso se refere, como desta vez em relação ao acordo ortográfico, ao facto de sermos um país do oito e do oitenta (fê-lo, por exemplo, numa crónica sobre as praxes). Mas o dito colunista parece esquecer-se de que, apesar de sermos de facto um país em que facilmente se passa do oito ao oitenta, a realidade mais contundente é que, no final das contas, somos um país de meias-tintas. Se do ponto de vista da regulação social isso pode ser visto como um factor positivo, há muitos outros aspectos em que é um notável empecilho e um sinal claro da mediocridade, da hesitação, da cagufa, da cobardia mascarada de sensatez, do larguem-me-senão-eu-mato dominantes. Ora, ficou-me desde os tempos do liceu, portanto ainda no tempo em que havia liceus, a ideia de que era pior ter sempre «medíocre» do que um «mau» de vez em quando. Do you know what I mean?

Um livro para ler

by jfc

Nos escaparates em que as livrarias exibem as novidades antes de serem varridas pela próxima maré editorial, ainda se destaca, por enquanto, um livro que gostaria de resgatar das garras da indiferenciação.

Tem o título português de Vida Roubada, que não permite uma rápida identificação do original – The Orphan’s Master Son, romance do americano Adam Johnson, vencedor do Prémio Pulitzer do ano passado –, e foi publicado pela editora Saída de Emergência.

As notícias que ultimamente têm aparecido, com alguma regularidade, na comunicação social, sobre a Coreia do Norte, certamente ganharão realidade depois da leitura deste livro. Dito de outro modo, faz sentido ler este livro agora.

Será, talvez, a primeira obra de ficção a explorar a realidade norte-coreana, o seu regime totalitário, os seus tiques quase infantis, e a lógica implacável dos seus dirigentes. E fá-lo com galhardia narrativa.

A acção desenvolve-se na articulação – bem desenhada – de três instâncias narrativas diferentes, cada uma evidenciando um registo próprio, cada uma contribuindo para uma visão alargada do funcionamento da sociedade norte-coreana, dos seus mitos, das suas obsessões, da violência omnipresente sobre a individualidade dos seus cidadãos e da prevalência da verdade oficial sobre a realidade.

Este último elemento é particularmente importante, até na sua dimensão meta-literária. Neste livro (nesta história) estão sempre a contar-se «histórias», versões da realidade que servem este ou aquele objectivo.

Em certo momento, o Dr. Song diz a Jun Do: «No lugar de onde vimos, as histórias são factuais. Se um agricultor é declarado músico virtuoso pelo Estado, é melhor toda a gente começar a chamar-lhe maestro. E, secretamente, seria aconselhável que começasse a praticar ao piano. Para nós, a história é mais importante do que a pessoa. Se um homem e a sua história estão em conflito, é o homem que tem de mudar».

Outros exemplos poderiam ser apontados sobre o uso das histórias. «… Sei que fui eu que a inventei, mas esta não é uma história em que alguém possa realmente acreditar» diz, noutra situação, Jun Do. «Tens razão – disse o Capitão. – Mas é uma história que eles podem usar».

Ou ainda quando uma delegação norte-coreana se desloca ao Texas: «Compreendes – disse o Dr. Song – que nesta geleira apenas está perna de vaca. A parte do tigre é apenas uma história. Na realidade, é o que estamos a servir-lhes, uma história».

Este papel das «histórias», do modo diverso de narrar a realidade e da dinâmica que estabelece entre a verdade oficial e a verdade privada, se adquire um relevo primordial no contexto sociopolítico deste romance – aliás bem assente sobre uma base documental que se adivinha na leitura –, de certo modo também o liberta desse mesmo contexto ao fazer-nos reflectir sobre a existência de outras «pequenas coreias», mais universais e mais nossas.

Este Vida Roubada, que corre o tremendo risco de pôr em cena, como personagem, uma figura real – o Querido Líder Kim Jong Il – e que ganha largamente essa aposta, merece não ser rapidamente engolido na voragem da indistinção antes de ser lido.

O Senhor Coluna

by offarinha

Este ano não está a correr nada bem! Desta vez foi Mário Coluna, o Capitão, quem se foi embora. Lembro-me de meu pai dizer sempre que Eusébio só era quem era e fazia o que fazia por causa de Coluna. Na sua opinião não fazia sentido separá-los. E sempre insistiu teimosamente nisto. A única vez que me cruzei com ele, nos finais dos anos sessenta, ainda um miúdo entre vários grandes benfiquistas, do que me recordo é do respeito quase reverencial com que o tratavam. Os outros eram o Germano, o Eusébio, o Zé Águas, o Cavém, o Zé Augusto, o Simões… Ele era o Senhor Coluna.

O empreendedorismo – versão Forjaz

by offarinha

Uma amiga falou-me, a propósito já não sei de quê, de uma destas personalidades que ganham súbita notoriedade nos media e nas redes sociais e que, com a mesma rapidez, desaparecem do mapa: um tal Manuel Forjaz. Como o outro com a neve, fui ver. Atenção que vi leve, levemente e tão por alto que algumas das premissas em que assenta este texto se calhar são incorrectas. O tal Manuel Forjaz é um exímio cultivador desse tropos tão moderno – o empreendedorismo! Até aqui nada de novo, muito pelo contrário. A originalidade reside no facto de o apresentar usando a sua condição de canceroso a contas com a morte. Se Forjaz fosse canceroso terminal e usasse a sua doença para cantar a cantiga do desgraçadinho coitadinho que foi bem sucedido na vida, apenas conseguiria ter acesso aos programas televisivos da manhã. Mas, neste caso, há mais sofisticação: embrulha-se tudo naquela religiosidade redonda e delicodoce que o actual Papa protagoniza para regozijo da populaça (não há cá figuras encapuçadas e de gadanha, nem medonhas visões escatológicas, que horror!) e serve-se tudo na linguagem da economia, da gestão empresarial, do marketing e do sucesso. E, como por milagre (ou talvez não), as portas das Business Schools (as tais que estão muito bem colocadas nos rankings e cujos MBAs produzem centenas de gestores prodigiosos que devem ter todos emigrado visto que ninguém ainda conseguiu vislumbrar os resultados da sua sagacidade) abrem-se de par em par para este novo guru.

O que me faz sorrir em todo este caso é a demonstração da extraordinária capacidade de assimilação que o capitalismo manifesta. Na sua grandeza, o capitalismo permite produzir bens úteis para os consumidores, com lucro e por um preço acessível, aumentando o bem-estar do maior número. Nas suas misérias, manipula motivações para obter apenas lucro sem qualquer contrapartida para a felicidade geral e real. O medo de doenças mais ou menos imaginárias (lembram-se das terríveis epidemias de gripes várias, dos milhões de vacinas que foram vendidas e de como tudo não passava, afinal, de coisa nenhuma?); a fome em África, as imagens terríveis de crianças famintas e os negócios fabulosos e a corrupção que esta justificada piedade proporciona; a conversa científica do «aquecimento global» que afinal agora são «alterações climáticas» e os extraordinários negócios por conta das energias alternativas (por favor, confrontar com a factura da electricidade); tudo isto, e muito mais, são exemplos da tal capacidade assimilativa do capitalismo que, nesta sua versão negra, acomoda seja o que for e o torna apetecível. Convém ainda referir o indispensável papel da intervenção do Estado na criação destes «mercados» imaginários. Ou seja, desde que se crie uma narrativa (não é por acaso que o suposto eng. Sócrates tanto aprecia esta palavra) adequada, tudo se pode vender. Para tanto, há quem use imagens apocalípticas, gajas boas, machos poderosos, paisagens paradisíacas – Forjaz usa a miséria da sua própria doença e as intimações da morte para alavancar (mais uma das tais palavras sinistras que esta gente tanto aprecia) o seu negócio.

Em jeito de epistemologia básica da coisa: a jusante temos o lucro ilegítimo; a montante, a criação de uma realidade ficcional que nunca é confrontada com a sujeição a critérios de verificação ou de falsificabilidade baseados na realidade; o discurso ideológico, a propaganda e o marketing são apenas os instrumentos legitimadores de uma situação que, por falta de sustentação nos factos, não passa de uma fraude. Afinal não estamos longe dos pressupostos da teoria da ciência como construção social, tão apreciada e divulgada pelo Prof. Boaventura e pelos seus sequazes. Quem diria, o Prof. Boaventura como ideólogo do crony capitalism e figura tutelar, malgré les deux, de Forjaz?! Com uma diferença. Forjaz, apesar do seu cancro, é divertido e faz-nos rir. O Prof. Boaventura, como se sabe, apenas provoca enormes bocejos.

Fragilidades

by jfc

Não sei bem se o que vou escrever é apenas uma irritação ou se chega a ser um empreendimento. É sobretudo expressão de cansaço. E o cansaço – das magnas questões que mobilizam os jornais e as televisões – aumenta quando o debate desses magnos problemas não só coloca em confronto a habitual e expectável diferença de opiniões e perspectivas, sejam elas mais inteligentes ou mais tontas, mais pérfidas ou mais cândidas, mas arrasta consigo também um penoso lastro de confusões e inanidades. O cansaço torna-se mesmo desalento quando esse lastro põe a nu a fragilidade dos intervenientes, mesmo daqueles que julgamos bons intervenientes, e o nível geral do dito debate.
Exemplos? Como é possível que a actual e acesa discussão sobre os «mirós» leve gente (no Blasfémias, de que sou visitante regular) a meter no mesmo saco a questão técnica, jurídica e política, e observações mais menos jocosas sobre como os «mirós» não se distinguem uns dos outros. Não se pede a ninguém que goste da pintura de Miró (de que eu próprio não sou particular admirador, facto que aqui interessa pouco ou nada), mas o argumento-piada é abaixo da linha de água e revela sobretudo leveza e ignorância alarve.
São assim as insistentes e tristes fragilidades que inquinam os nossos debatezinhos.
O cronista do Expresso, Henrique Raposo, que leio diariamente porque, como costumo dizer, «acerta muitas vezes» (embora por vezes o desembaraço da sua escrita descambe no desleixo), fez há dias uma crónica sobre as reacções típicas a questões como a do alegado abuso sexual de Woody Allen da filha de Mia Farrow. Subscrevo no essencial tudo o que HR diz. Mas, no final da crónica, certamente para evidenciar a separação que deve existir entre o critério estético e o critério moral, diz que não quereria o cineasta nem para amigo nem para babysitter, mas quer continuar a ver os seus filmes. Eu percebo a intenção, mas a frase tem arame farpado: é que, se oportunidade e razões houvesse para isso, eu não enjeitaria ser amigo de Woody Allen. Além disso, embora eu seja um defensor acérrimo da autonomia da obra artística, não estou certo de que a obra cinematográfica de Woody Allen não constitua, afinal, a sua verdadeira biografia. O que HR quereria talvez dizer é que as fraquezas do artista não afectam necessariamente a força das obras que realiza. Mas isso é uma história diferente.
Dir-se-á que me detenho em pormenores. Certo. Mas comportam-se como pedras no sapato que me fazem doer os pés quando ando.

E torresmos, pode vender-se no estrangeiro?

by offarinha

Procuradora-geral da República admite novas acções para travar venda da colecção Miró. Esta senhora preside a uma seita que se tem notabilizado por ocupar os seus vagares sobre que maternidades devem ou não encerrar, onde devem ser construídas estradas, o que fazer a cães que matam crianças, e outros casos relevantíssimos que permitem legitimamente questionarmo-nos acerca da sua concepção da separação de poderes e, sobretudo, acerca do conteúdo das cabecinhas que por lá pontificam. Curiosamente, ou talvez não, esta urgente preocupação com o destino dos Mirós não tem sido proporcionalmente acompanhada com a de deduzir qualquer acusação contra os figurões que congeminaram a sua compra. E já lá vão anos…

A PGR não se dedica ao combate ao crime e à corrupção. Entretem-se, e entretem a populaça, com umas vagas acusações pífias e inconsequentes que raramente chegam a resultados consistentes com o alarido inicial. Agora, de braço dado com os camaradas socialistas, o que já vem sendo habitual, dedica-se a definir o que é património nacional. Aqui, a urgência que falta noutros assuntos, é imensa! Mas convém, por questões de coerência, não ficar pela superfície. A dra. Vidal deve começar a constituir uma lista para evitar qualquer futuro deveaneio de alienação. Propomos que comece pelos torresmos.

Os Miró prá barragem

by offarinha

Ainda assoberbados pela questão das praxes, somos confrontados com a igualmente terrível questão dos Miró. É caso para dizer que o cidadão português não tem descanso! Começo por declarar a particular irritação que me causa a obra de Miró. Não a consigo desligar de um infantilismo condescendente, nem de um primitivismo artificiosamente espertalhaço. Modernismo pateta, portanto, e para consumo de filisteus. Dito isto:

1) É espantoso como alguns tiques e personagens da governação socialista se perpetuam mesmo depois de todas as hecatombes.

2) Propomos que, caso os Mirós por cá permaneçam, sejam incluídos nesse prodigoso museu de Foz Côa, junto com as célebres gravuras que já atrairam milhões de visitantes. O número passará, decerto e segundo estudos independentes que serão encomendados, a biliões.

3) Que as curadoras do empreendimento sejam as esforçadas Canavilhas & Medeiros.

4) Que seja reconhecida a Barreto Xavier a sua verdadeira vocação e o contratem como guarda-rios. E, claro, lhe atribuam a farda e o boné correspondentes.

Antes das praxes

by offarinha

Não se dá hoje um passo sem se ouvir falar de praxes. E somos bombardeados com as ilustradíssimas opiniões de uns trogloditas com ar abrutalhado que parece que são especialistas na coisa, e de outros que acham normalíssimo ser sujeitos a tão edificantes práticas, e de outros que querem proibir tudo porque as suas cabecinhas são semelhantes às dos outros, com a subtil diferença que a sua praxe reside apenas e só na proibição… De todo este gado caprino já se falou no post anterior. Mas, para além da evidência da estupidez humana no seu esplendor, é também edificante olhar de vez em quando para o que está antes dela, e a proporciona, a permite e origina tais refulgências.

Numa escola secundária do concelho de Cascais, os alunos vão assinalar o dia mundial de luta contra o cancro com alguns eventos muito sérios e recomendáveis: colheita de sangue, palestras sobre o cancro da próstata, o cancro do colo do útero, a prevenção do cancro… Mas, pasme-se (ou talvez não), junto com tudo isto aparece uma palestra que versa um tema singular, «Benefícios do Reiki em doentes que fazem quimioterapia», seguida de demonstrações práticas de terapias de Reiki. Os alunos irão, assim, substituir o Português, a História e a Matemática pelo Reiki, com a autorização entusiasmada e colaborante do pessoal que por lá manda e sob a presença tutelar do «Exmo. Senhor Vereador da Educação e Saúde da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Frederico Pinho de Almeida» (sic).

Mal podemos esperar pelo momento em que o Exmo. Senhor Vereador etc… etc…, a distinta direção e todo o corpo docente promovam acções sobre «Astrologia e erisipela», ou «Efeitos da cartomância na prevenção do pé de atleta», ou «Leitura do voo das aves na detecção precoce da alopecia». Em alternativa, sugerimos que organizem umas viagens a Fátima ou à Santinha do Tropeço.

E depois queixem-se e desatem a gritar nos telejornais!

As praxes e o gado caprino

by offarinha

Não há órgão de comunicação social que não opine sobre praxes, suportado na vozearia e nos disparates de psicólogos, sociólogos, juristas, politólogos, jornalistas, astrólogos, quirólogos e demais cientistas do oculto. Tudo isto durará até que saltem para o borrego que matou uma velhinha, ou para o infante que mordeu na ama, ou para a família cigana discriminada depois de infernizar a vizinhança, ou para o assalto perpetrado por um desempregado (ai, a crise e as suas sequelas!), ou para o afogamento de um peixe, ou para a pedra que caiu no pé de uma lésbica, ou para outra coisa qualquer de inexcedível importância que dê azo a muitas lágrimas e comoção e manifestações diversas de sensibilidadezinhas à flor da pele.

O que arrepia em tudo isto é, num primeiro nível e para além da já habitual questão da «culpa», sempre presente nos comentadores de serviço: i) a absoluta imbecilidade da gente que é responsável por instituições que é suposto ministrarem instrução de nível superior; ii) a boçalidade dos alunos universitários, os tais da geração mais preparada de sempre, quer os que aceitam e justificam as javardices a que são sujeitos, quer os que, pelas mesmas razões, defendem e impõem essas mesmas javardices; iii) a repugnante parvoíce dos pequenos fanáticos que aproveitam qualquer ocasião para tentarem estender as suas proibições e regulamentações politicamente correctas, e tão do agrado da imprensa, para além do clima, do tabaco, das touradas, da caça, da alimentação e sabe-se lá de mais o quê.

Num segundo nível, mais sério, onde é que se fala de autonomia e responsabilidade individuais? E onde é que se refere o primado da lei? Não bastaria centrar a questão nestes dois pontos? Povo de escravos conformistas, sempre receptivo a amouxar e a seguir o caminho da carneirada, apetece citar a Écloga Lusitana de Jorge de Sena: «Cabra// cabrada// cabrões.»